O Percurso
Um reencontro não é um reencontro sem os típicos “lembras-te daquela vez?” e “na altura…”. Sentamo-nos à mesa e recordamos em conjunto, desde o início. É por aí mesmo que começamos.
A Mariana, uma estudante de design, conhece o André, outro estudante de design no ano anterior. Ambos deixam a sua marca pelas suas abordagens ousadas tanto no trabalho como nas suas ambições e é aí que se unem. Ao princípio a discutir inocentemente grandes ideias e todos os novos projetos que desejam concretizar, nada que qualquer outro jovem designer não faça. Da mesma forma estas conversas não passavam de ideias, devaneios, em papel ou pelos corredores. A Mariana termina o curso e começa a trabalhar. O André termina o curso e começa a trabalhar. A ideia nunca desapareceu realmente, mas adultos que trabalham não têm tempo. Nunca há tempo.
Agora vem a parte sobre a qual todos sabemos. 2020 - dois mil e vinte. Pandemia. Tudo em casa, tudo cancelado. Para designers gráficos que vivem das coisas que acontecem por aí, quando nada acontece pouco resta para fazer. Há tanto tempo. Tempo a mais.
A Mariana e o André não são pessoas que ficam paradas. Não são pessoas que vão começar um negócio de pão de massa mãe. Vão, por outro lado, usar esse tempo para concretizar a sua grande ideia. Finalmente, após anos de conversa esta parece ser a janela perfeita onde podem pôr “a mão na massa”, quer dizer, marcar umas reuniões no zoom, brainstorming, moodboarding e surge: Merge — The Social Magazine. 1 de Abril de 2020.
Precisam de um site, alguém que entenda de código mas seja criativo também. O André conhece a Joana dos seus tempos de secundária. O André apresenta a Joana à Mariana.
Uma pequena equipa de três recém formados prontos para criar. Criaram a primeira edição. Impacto. O impacto de um evento como a pandemia no mundo. Excelente receptividade pela comunidade e decidem continuar.
O André conhece a Sofia na faculdade. Nova estudante de design intrigada por esta vontade de criar, começa, não oficialmente, a dar ideias, e pequenas contribuições. O André apresenta a Sofia à Mariana e à Joana. Segunda edição. Desconforto. Desconforto em ter as cuecas no rabo, em questionar… Terceira. Equilíbrio. Desequilíbrio. E quarta, mais uma edição digital. Ciclo.
Vem o verão. Vem o primeiro desconfinamento. A equipa sente-se atrevida e pensa, “5ª edição, 5 dias, 5 espaços”. Surge o Emerge Porto. Pela vontade de ir mais além, de sair à rua. A Merge também quer sair do digital e usa este evento para se lançar ao público pela primeira vez em formato físico. Retrospectiva. Mariana, André, Joana, Sofia. Quatro vezes “porque não?”, “tentar não custa”. O evento é um sucesso. O stock esgota.
Ao longo do evento o João (Ventura para os amigos) começa a ajudar na sua especialidade de motion design e decide juntar-se à equipa. O Ventura conhecia o André e a Sofia da faculdade. O André apresenta o Ventura à Mariana e à Joana.
Vamos à sexta edição, o gosto por produzir a revista num formato físico pegou e mais uma entra para produção. Futuro. Um dos bons. Vai para venda em lojas pelo Porto.
Sétima edição. Ascensão. Voltamos a confinar. Mais um evento, voltamos ao digital e desta vez em colaboração com o Espaço 399.
Oitava edição. Desassossego. Um desejo de mudança. Nona. Lugar. Procuramos todos um.
Um ano de vida. Doze meses. Décima edição. Identidade. Celebramos em papel e fica silêncio.
Passa um ano. Passam dois.
Estamos aqui.
Merge — The Social Magazine